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Tecnologias de fronteira: conheça a inteligência artificial – Parte I

No mundo digital que vivemos hoje, todos os dias nós entramos em contato com a inteligência artificial (IA), mesmo que isso passe despercebido. As IAs não são aqueles robôs megacomplexos como vemos nos filmes e séries, elas são mais simples e fazem parte da nossa vida diariamente. Usamos o Google, as redes sociais, fazemos compras online, vemos as recomendações de vídeos do Youtube e as de séries na Netflix. Isso parece algo muito natural, mas por trás desses aplicativos, existe a inteligência artificial que tem como objetivo melhorar a experiência do usuário.

Mas o melhoramento da experiência do usuário não é a única aplicabilidade da inteligência artificial. Na verdade, é só uma pequena parte. A inteligência artificial é usada em várias áreas e indispensável, por exemplo, no mercado financeiro, planejamento, marketing, na logística, na educação, monitoramento, prevenção e cura de doenças e, inclusive em tecnologias verdes que buscam a sustentabilidade.

Temos usos impressionantes para a inteligência artificial. Um deles, inclusive, é a Sophia, um robô humanoide que consegue reproduzir várias expressões faciais e é o primeiro robô a receber a cidadania de um país, no caso, a Arábia Saudita. As IAs conseguem fazer coisas impressionantes como escrever textos, editar vídeos, compor músicas, reconhecer voz com perfeição, criar uma linguagem própria e até substituir advogados em algumas funções. Então, neste primeiro artigo sobre as tecnologias de fronteira, vamos explorar o universo da inteligência artificial.  

É lógico que essa evolução gera muitas incertezas e dúvidas. Onde nós vamos parar? Será que as inteligências artificiais vão substituir as pessoas? Os computadores são mais inteligentes do que nós?

Ainda não temos resposta a essas perguntas. E, por isso, é importante estudar e monitorar a evolução da inteligência artificial para enfrentar os desafios que ela nos apresenta. Neste artigo, vamos explicar o que é inteligência artificial, quais a suas aplicações, benefícios e desafios. Pela complexidade do tema, as indagações ético-jurídicas ficarão para a parte 2.

O que é inteligência artificial?

Inteligência artificial se assemelha à inteligência humana. Ela pode estar presente em computadores, robôs ou outras máquinas. Ela é a capacidade que esses dispositivos têm de funcionar de uma forma que lembra o pensamento humano.

A ciência da computação é a responsável por construir os mecanismos e os dispositivos que vão simular certas capacidades do ser humano. A IA pode aprender através de exemplos ou experiência, elas podem reconhecer objetos, entender e responder à linguagem, tem a capacidade de tomar decisões e resolver problemas.

A inteligência artificial é criada e desenvolvida para que as máquinas possam desempenhar certas funções sem a interferência humana. A cada dia que passa, essas funções se tornam cada vez mais complexas. E isso faz com que a inteligência artificial consiga resolver muitos problemas facilitando o nosso dia-a-dia, reduzindo tempo e custos de determinadas tarefas. Por outro lado, elas levantam desafios e questionamentos ético-jurídicos.

O estudo da inteligência artificial é bem complexo e possui termos muito técnicos. Aqui, a minha intenção é apenas apresentar alguns conceitos de forma bem básica, para quem não é da área (inclusive, eu me incluo nessa categoria).

Como a inteligência artificial funciona?

De forma bem simplificada, podemos falar que a inteligência artificial funciona por meio de algoritmos. Esses são uma sequência de instruções que vão guiar o funcionamento de um software e determinar as ações que uma máquina deverá desempenhar. Por meio dos algoritmos, criam-se regras complexas que permitem que as tecnologias desempenhem as suas funções como reconhecimento de voz, mecanismos de busca, chatbots, dentre muitas outras.

Além dos algoritmos, utiliza-se dados para solucionar os problemas com mais eficiência. Existem vários tipos de algoritmos e várias lógicas que as inteligências artificiais usam para desempenhar as funções.

O estudo de como funciona a inteligência artificial é bem complexo, porém, existem alguns conceitos interessantes que merecem uma análise. São eles os conceitos de inteligência artificial fraca e a forte; machine learning e deep learning.

Inteligência artificial fraca e forte

Existem dois tipos de inteligência artificial. Ou ela é fraca, ou ela é forte.

A inteligência artificial fraca é aquela treinada com o objetivo de desempenhar tarefas específicas. Essa inteligência é aplicada em máquinas e softwares inteligentes, porém, eles não conseguem raciocinar por si próprios. Os seres humanos que são os responsáveis por criar as regras e alimentar a inteligência com dados para que ela analise e gere resultados.

O fato de ser considerada fraca, não quer dizer que a IA é simples. Na verdade, elas são bem complexas, pois são o único tipo de inteligência artificial que conhecemos hoje. São inteligências que tem um desempenho excelente, porém, em áreas específicas e ambientes controlados.

Já a inteligência artificial forte seriam aquelas em que há uma replicação da autonomia do cérebro humano. É uma IA que consegue resolver vários tipos de problemas e consegue resolvê-los sem a interferência humana. Em teoria, ela desenvolveria autoconsciência e não só simularia raciocínios. É o tipo de inteligência artificial que vemos em alguns filmes, como o Exterminador do Futuro, Ex Machina, dentre outros. Atualmente, a IA forte está apenas no mundo da teoria, pois ainda não existem exemplos concretos.  

Machine learning

A inteligência artificial é um universo da tecnologia computacional que inclui alguns campos. Aqui vamos falar de dois: o machine learning e o deep learning.

Machine learning ou aprendizado de máquina é uma inteligência artificial que aprende por si mesma. Usa-se algoritmos para coletar dados e aprender com eles. Esses algoritmos podem se auto modificar sem a interferência humana, até produzir o resultado desejado. E isso é feito por meio do treinamento da inteligência artificial.

Um dos usos mais comuns do machine learning é fazer predições sobre alguma coisa ou classificações. A inteligência artificial é treinada e quanto mais ela obtém dados e desempenha suas funções, mais ela vai se aprimorando.

Deep learning

O deep learning se baseiam nas redes neurais humanas. Assim, a sua lógica de funcionamento é similar ao ser humano. Existem as interconexões entre os neurônios, criando camadas e conexões de dados, que permitem a execução de tarefas de forma mais apurada.

No deep learning existem várias camadas e cada camada refina a conclusão da camada anterior, identificando possíveis erros e gerando um resultado mais específico. Um exemplo são os assistentes virtuais como Alexa ou Siri, que fazem o reconhecimento de voz sem um treinamento.

Aplicações práticas

Atualmente a aplicação da inteligência artificial é bem ampla. Basicamente, onde é possível se aplicar a inteligência humana, a IA pode ser utilizada para melhorar ainda mais o desempenho da tarefa. E aqui nós acendemos um alerta vermelho: já é uma realidade as IAs executarem tarefas com desempenho maior do que os seres humanos e de forma mais rápida e sim, o medo de sermos substituídos por robôs em algumas funções existe.

Vamos à algumas aplicabilidades da inteligência artificial:

  • Mecanismos de busca – com o uso de IAs, as buscas na internet são mais otimizadas e voltam resultados mais relevantes.
  • Melhorar a experiência do usuário – Netflix, Youtube, Spotify utilizam os dados anteriores do usuário para fazer recomendações de conteúdo e tornar a experiência mais agradável. Lógico que um dos efeitos colaterais é um possível vício nas plataformas!
  • Reconhecimento de voz: o reconhecimento de voz pode ser convertidos em texto ou usado em equipamentos de segurança.
  • Processamento de linguagem natural – esse tipo de IA é aplicado em assistentes virtuais ou em chatbots. Quantas vezes você já resolveu algum problema em uma empresa com o robozinho virtual?
  • Reconhecimento de imagem – muitos aplicativos de segurança usam reconhecimento de imagem, de impressão digital. Esse reconhecimento de imagem também é utilizado nas tecnologias de carros automáticos.
  • Casas inteligentes – essas casas funcionam com comando de voz e você pode controlar diversos dispositivos que estão conectados, como TV, som, alarme, etc.
  • Cybersegurança – uma importante aplicação das IAs é na proteção de dados. Essas tecnologias investigam cenários de risco e aprendem a elaborar planos de ação quando existe uma ameaça.

Esse são apenas alguns dos exemplos de uso da inteligência artificial, mas ela pode ser aplicada aos mais diversos campos. Podemos citar o militar, telecomunicações, medicina, educação, mercado financeiro, artes, agricultura, energia, indústria e, também, na área do direito.

No mundo jurídico, as inteligências artificiais estão tendo amplas aplicações em escritórios e no judiciário. Alguns tribunais também usam IA para monitorar casos e decidir de forma mais eficiente. Existem plataformas que facilitam a pesquisa de jurisprudência, auxiliando advogados e juízes.

As IAs também estão sendo usadas para fazer previsões a respeito de um processo, através da análise de dados. Qual a probabilidade do processo dar certo? Qual o tempo estimado de duração? Esse tipo de informação auxilia na hora de tomar a decisão de se vale ou não a pena entrar com um processo judicial.

Além disso, muitas startups jurídicas, as lawtechs, estão desenvolvendo soluções para facilitar a vida dos advogados. Podemos citar o controle de prazos, pesquisa de jurisprudência e a realização de trabalhos mecânicos como redigir documentos. Muitas dessas soluções se baseiam em inteligência artificial.

Benefícios da inteligência artificial

A inteligência artificial pode trazer vários benefícios para a sociedade. Podemos citar:

  • A redução de falhas humanas;
  • Trabalho ininterrupto;
  • Agilidade nas tarefas;
  • Tomada de decisões mais rápidas e precisas;
  • Redução de alguns custos operacionais;
  • Eficiência na comunicação entre empresas e consumidores;
  • Ajuda no trabalho repetitivo.

Desafios da Inteligência Artificial

Por outro lado, temos algumas desvantagens do uso da inteligência artificial. Dentre eles:

  • Aumento dos custos da tecnologia e desenvolvimento das ferramentas;
  • Potencial para uso inadequado;
  • Necessita de supervisão qualificada constante;
  • Riscos legais, principalmente quanto à dificuldade de se determinar a transparência dos algoritmos. Por exemplo: como uma empresa, que usa IA, vai explicar e justificar o seu processo de tomada de decisões com relação a clientes, por exemplo? Se a IA toma uma decisão discriminatória, de quem é a responsabilidade?
  • Faz com que as pessoas se tornem cada vez mais dependentes de máquinas, perdendo a capacidade de raciocínio e criatividade.
  • Aumento das desigualdades sociais. A IA permite que muitas empresas, pessoas e países enriqueçam e evoluam tecnologicamente. Isso cria uma enorme lacuna entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, acentuando a concentração de renda e a dependência (esse assunto foi abordado no texto da semana passada, clique aqui).

Neste artigo vimos um panorama bem geral sobre a inteligência artificial e suas aplicações. Provavelmente você deve estar cheio de perguntas a respeito dessas tecnologias. Eu certamente estou. Por isso, não deixe de ler a parte 2 desse artigo, que disponibilizarei em breve. Nele, vou aprofundar mais nos questionamentos que existem em relação à inteligência artificial.

Referências

Artificial Intelligence (AI). Acesse aqui.

Artificial Intelligence – WIPO Trends.

A Diferença Entre Inteligência Artificial, Machine Learning e Deep Learning. Acesse aqui.

Direito guiado por dados – Marcílio Henrique Guedes Drummond.

Introdução à inteligência artificial – Leandro Rubim e Ricardo Soares.

Nathalia Bastos do Vale

Olá, eu sou a Nathalia, advogada e mestre em Direito Ambiental. Sou apaixonada por direito, sustentabilidade, tecnologia e design. Neste blog pessoal você encontra conteúdos aprofundados e didáticos sobre tudo que envolve o Direito e a inovação.

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