Blog Nathalia Bastos do Vale

Blog sobre biodireito, propriedade intelectual e sustentabilidade

Consumo e produção responsáveis como objetivos para o desenvolvimento sustentável

Já ouviu falar sobre pegada ecológica? Esse termo se refere a uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia o impacto do consumo das pessoas sobre os recursos naturais, e é medida em hectares. É como se o nosso consumo deixasse marcas no meio ambiente e o meio ambiente precisa, de alguma forma, absorver esse impacto para apagar a pegada. Essa capacidade do ecossistema de produzir novos recursos e absorver os resíduos é chamada de biocapacidade. De acordo com a ONG WWF (World Wildlife Fund), a pegada ecológica ajuda a comparar os diferentes padrões de consumo no mundo e avaliar se eles estão dentro da capacidade ecológica do planeta.

A pegada ecológica de um país corresponde ao tamanho de áreas produtivas que são necessárias para gerar os produtos que serão consumidos pela população. Atualmente, a pegada ecológica global é de 2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a capacidade do meio ambiente se renovar é de 1,8 hectare global. Isso significa que o ser humano precisa de 1,5 planeta para manter seu padrão de consumo. Além disso, é necessário 1 ano e meio para o planeta regenerar os recursos que consumimos durante um ano. A conta claramente não fecha e as projeções são cada vez piores. Precisamos reduzir a nossa pegada ecológica e o primeiro passo é pensar sobre consumo e produção responsáveis.

Cada vez mais percebemos que os padrões de consumo estão chegando a patamares insustentáveis. Todos os dias vemos notícias de como os recursos naturais estão esgotando, sobre como os ecossistemas estão sendo destruídos, e como os desequilíbrios ambientais estão cada vez mais frequentes. Essas notícias são recorrentes e não devem ser encaradas com normalidade. O mundo está clamando por socorro e nós temos influência imediata nisso. A exploração excessiva do meio ambiente está intrinsecamente vinculada com a demanda de consumo das pessoas.

A mudança de hábitos e estilo de vida mais sustentável é mais necessário do que nunca. E o primeiro passo a ser dado é a conscientização sobre o desenvolvimento sustentável, especialmente acerca do impacto do nosso comportamento sobre o meio ambiente. Com pessoas mais conscientes, podemos alcançar padrões de consumo e produção responsáveis e sustentáveis.

Logico que o consumidor não é a única roda que fará o sistema girar de forma mais sustentável. É necessário que haja planejamento e incentivo principalmente estatal. É preciso promover a eficiência do uso de recursos energéticos e naturais, promover a construção de infraestruturas sustentáveis e acesso a serviços básicos.

Assim, o objetivo 12 – Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, “prioriza a informação, a gestão coordenada, a transparência e a responsabilização dos atores consumidores de recursos naturais como ferramentas chave para o alcance de padrões mais sustentáveis de produção e consumo” (fonte: Plataforma agenda 2030).

Quais as metas do objetivo 12?

O consumo e a produção responsáveis é um dos objetivos mais importantes para o desenvolvimento sustentável. E para alcançar esse objetivo e assegurar padrões sustentáveis de consumo e produção, algumas metas precisam ser observadas. A primeira meta é implantar um programa sobre produção e consumo sustentáveis em todos os países, considerando a capacidade econômica de cada um deles.

A segunda meta, uma das mais ousadas e importantes, é alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais até 2030. Além disso, é preciso incentivar a redução do desperdício de alimentos nos níveis do varejo e do consumidor, além da redução das perdas de alimentos ao longo da cadeia de produção e abastecimento.

O manejo de produtos químicos e resíduos deve ser feito de forma ambientalmente segura. O manejo, nada mais é do que adotar medidas de segurança para que os resíduos sejam descartados de forma a proteger a saúde humana e o meio ambiente. Para isso, é necessário implantar programas para reduzir de forma significativa a liberação de tóxicos no ar, na água e no solo. O manejo e a liberação descontrolada desses tóxicos gera impactos diretos para a saúde humana e o para o meio ambiente. A saúde humana e o meio ambiente estão intrinsecamente ligados, por isso é importante tratarmos o meio ambiente como uma questão de saúde também (para saber mais, clique aqui).

Juntamente com o manejo sustentável, é preciso reduzir a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso. Esta meta está estritamente vinculada com o Objetivo 6, que foca na questão do acesso à água e ao saneamento.

Uma questão de grande importância também, é o incentivo que se deve dar a empresas para que elas possam adotar práticas mais sustentáveis e integrar informações de sustentabilidade. Essas práticas sustentáveis também devem envolver o poder público, suas instituições devem promover práticas de compras públicas sustentáveis, por exemplo.

Uma última meta, que é de fato essencial, é o incentivo à informação. É necessário que se conscientize a população a respeito do desenvolvimento sustentável. E um ponto importante é que essa conscientização deve mostrar o quanto os nossos hábitos e comportamentos impactam o meio ambiente e, assim, incentivar que as pessoas adotem um estilo de vida que esteja com mais harmonia com a natureza.  

Para que essas metas se concretizem, é necessário que se apoiem principalmente os países em desenvolvimento, para que eles possam fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas e mudar os padrões de produção e consumo de forma a serem mais sustentáveis. Além disso, também repensar o incentivo a combustíveis fósseis, que não são renováveis e impactam negativamente o meio ambiente.

E o que nós podemos fazer para contribuir para um consumo e produção responsáveis?

A produção de bens e serviços precisa atender as demandas de seus consumidores. O mercado muda e se transforma de acordo com tendências. Por isso, é importante que o consumidor comece a modificar seu pensamento e buscar um consumo mais responsável. Hoje vemos um crescimento de marcas veganas, produtos que não testam em animais, embalagens recicláveis e as empresas, cada vez mais, buscam mostrar as atitudes sustentáveis que estão praticando. Isso é reflexo de uma mudança de comportamento do consumidor, que passou a se importar um pouco mais com a sustentabilidade.

Mas além de modificar as nossas demandas, existem diversos hábitos que podemos adotar para diminuir a nossa pegada ecológica (para quem tem interesse, é possível calcular a pegada aqui). Como por exemplo, comprar apenas o que realmente precisamos; consertar itens que ainda são apropriados para consumo; avaliar a origem dos produtos que consumimos; trocar com menos frequência os eletrônicos; consumir de produtores locais e orgânicos; escolher produtos que consomem menos energia elétrica; doar itens que não são mais usados; reciclar com mais frequência; evitar desperdício de materiais (para  informações mais completas, acesse essa cartilha).

 E você? Tem refletido acerca do seus hábitos em prol do meio ambiente? Não deixe de comentar!

Nathalia Bastos do Vale

Olá, eu sou a Nathalia, advogada e mestre em Direito Ambiental. Sou apaixonada por direito, sustentabilidade, tecnologia e design. Neste blog pessoal você encontra conteúdos aprofundados e didáticos sobre tudo que envolve o Direito e a inovação.

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